Pular para o conteúdo principal

Mais sono, melhor rendimento escolar

Retardar em meia hora o início da primeira aula na escola pode melhorar a saúde e a qualidade de vida dos adolescentes, de acordo com um estudo piloto publicado ontem na revista especializada Archives of Pediatric and Adolescent Medicine. De acordo com a principal autora do texto, a especialista americana em distúrbios do sono Judith Owens, do Hospital Infantil de Hasbro, o pequeno atraso significou melhoras no humor, no nível de atenção e nas condições físicas de alunos da high school, equivalente no Brasil ao ensino médio.

A médica concentrou a pesquisa no colégio St. George, uma pequena escola particular em Rhode Island, que, no inverno, mudou o início das aulas das 8h para as 8h30. Para não precisar estender o horário nem atrapalhar as atividades, foram feitas pequenas alterações, como a retirada de cinco minutos do recreio. Os estudantes que quiseram participar da pesquisa e tiveram autorização de seus pais responderam a um tradicional questionário sobre hábitos do sono, que foi aplicado entre os adolescentes antes e depois da mudança no horário escolar.


O questionário de oito páginas avaliou o comportamento de sono dos entrevistados e mediu as escalas de insônia, dificuldades para acordar e depressão. Duzentos e setenta e oito estudantes participaram da pesquisa. O resultado foi que houve uma significativa melhora na duração do sono — 45 minutos. Também foi relatado um drástico declínio no percentual de estudantes que afirmavam dormir suficientemente bem raramente ou nunca (69% para 34%). O índice dos que diziam nunca estar satisfeitos com seu sono caiu de 37% para 9%.

Outras descobertas foram que um número menor de estudantes disse sentir fadiga ou falta de motivação no dia a dia e o percentual de adolescentes que afirmaram se sentir infelizes ou deprimidos de vez em quando caiu de 66% para 45%. Além disso, houve redução de 15% para 5% no número de alunos que procuraram o ambulatório médico do colégio reclamando de cansaço. Os professores também notaram os benefícios: eles disseram que houve 36% menos faltas ou atrasos no primeiro horário do dia.

Mais motivação
A pesquisa também constatou que a quantidade de estudantes que dormiu menos do que sete horas caiu 80%. “Um modesto atraso teve associação com um aumento significativo na duração do sono e na diminuição da insônia. Para mim, o mais importante foi que os estudantes sentiram-se menos deprimidos e mais motivados a participar das atividades escolares”, disse ao Correio a médica Judith Owens, principal autora do estudo.

A especialista em distúrbios do sono explica que os adolescentes devem dormir nove horas por noite e que uma duração menor do que essa pode trazer problemas de saúde e de concentração. Nessa fase da vida, eles necessitam dormir mais que o normal, pois estão passando por mudanças físicas, biológicas e comportamentais. Como, em média, eles vão para a cama depois das 23h, o horário ideal para acordar, segundo Judith, é por volta das 8h. “Além dos fatores biológicos, os adolescentes são expostos a múltiplos fatores ambientais e de estilo de vida, como atividades extracurriculares, dever de casa e trabalho, o que impacta significativamente nos padrões de sono. Como resultado da falta de dormir durante a semana, os adolescentes acabam dormindo demais aos sábados e aos domingos, o que contribui para a interrupção do ritmo natural do sono”, explica.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A posição correta para dormir no lugar certo.

Ao atingir 60 anos, uma pessoa já passou em média 20 anos de sua vida deitada em um colchão. Ou seja, o ser humano dorme um terço do tempo de sua existência, considerando que em geral as pessoas dormem cerca de oito horas por dia. Várias pesquisas apontam que 90% dos problemas de dores de cabeça, torcicolos, dores na nuca, dores lombares e musculares são decorrentes de noites mal dormidas em colchões inadequados. Qual é a melhor posição para ter uma boa noite de sono e manter a saúde da coluna? Como escolher o colchão ideal? E o travesseiro? As questões têm muita procedência, pois há milhares de tipos de colchões e de travesseiros, sem contar os diferentes hábitos referentes ao ato de dormir e à posição do corpo durante o sono. Uma boa noite de sono não apenas nos traz bom humor e tranquilidade para enfrentar o cotidiano como influi diretamente na saúde da coluna. Como ortopedista, este é o ponto que quero enfatizar dentro do tema dormir bem. E é neste contexto que entro na seara de qu...

Você merece dormir bem!

Nada como uma ótima noite de sono para acordar novo e com mais disposição para enfrentar o dia. Muitas pessoas tem curiosidade em saber quanto tempo e como devem dormir. Pena que a rotina atarefada nem sempre permita um sono tranquilo. Se você é o tipo de pessoa que deixa de dormir para estudar ou trabalhar ou deixa que as aflições do dia-a-dia atrapalhem o seu sono, trate de relaxar. Dormir bem é fundamental não somente para a melhorar a execução das tarefas diárias. Odescanso é de suma importância para a sua saúde e o seu conforto. “O sono é uma necessidade de recuperação essencial ligada a todos os órgãos do corpo. Funções essenciais como conservação de energia, metabolismo anabólico, amadurecimento do sistema nervoso central, consolidação da memória e secreção hormonal são desempenhadas”, explica a neurologista Andréa Bacelar, da Clínica Neurológica Dr. Carlos Bacelar, no Rio de Janeiro. Partes do Sono Segundo a neurologista, o sono é dividido em partes que geram ciclos. “As part...

Dormir bem para não engordar

Mais um estudo vem confirmar a relação entre o pouco sono das crianças e o excesso de peso. As crianças que menos dormem nos primeiros anos de vida são aquelas que têm mais probabilidade de vir a ser obesas ou de crescer com excesso de peso. Cada hora a mais de sono por noite, entre os três e os cinco anos, representa uma descida de 0,49 no Índice de Massa Coporal (IMC) e uma redução de 61 por cento na probabilidade de ter peso excesso ou obesidade aos sete anos de idade. Numa criança com uma altura média, isto representa uma diferença de 0,7 quilos. O estudo envolveu 250 crianças e foi realizado na Nova Zelândia. Os resultados foram publicados no British Medical Journal. Estudos anteriores já tinham demonstrado esta relação entre deficit de sono e excesso de peso. O organismo de quem dorme pouco produz em menor quantidade um hormônio que reduz o apetite (leptina) e em maior quantidade uma outra que estimula o apetite (grelina). Além disso, surgem desequilíbrios no metabolismo e altera...